Prejuízo

Seca avança em Morro Redondo

Em torno de 60 famílias estão sem água em casa e precisam ser auxiliadas pelo município

Paulo Rossi -

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Cenário. Pequenos açudes e córregos enfrentam a escassez na zona rural (Foto: Paulo Rossi - DP)

Enquanto o carro percorre o caminho entre a Secretaria de Desenvolvimento Rural de Morro Redondo e a propriedade de Rosane Siqueira Costa, a visão que se tem das plantações e dos campos é de um amarelo queimado constante. Quando se caminha pela propriedade, as áreas de pastagens estão secas e duras. Onde havia lama, ficaram as pegadas de gado no barro seco. O cenário na zona rural de Morro Redondo é preocupante a moradores, a produtores e ao Poder Público da cidade, que já encaminhou ao Estado os documentos para decretar a situação de emergência e aguarda o auxílio da Defesa Civil. As perdas com a falta de recursos hídricos começaram no município em novembro de 2017 e os prejuízos superam os R$ 14 milhões, estima a Emater.

Até o momento, a água só chega para cerca de 60 famílias através de um caminhão com uma bolsa do líquido. O equipamento é da seca do verão passado. São quatro mil litros, distribuídos em caixas d’água no pátio de residências no interior. As nascentes estão secando e os poços artesianos não mandam água às torneiras. Os moradores improvisam, às suas maneiras, a forma de lavar louça e tomar banho, por exemplo.

Os pequenos açudes e córregos onde os animais bebem água também enfrentam a escassez. Por fim, plantios não se desenvolvem, o pêssego perde tamanho e qualidade e o leite também se desvaloriza nas avaliações. Além da agricultura, o principal problema é a falta de água às pessoas. Caso não chova até o final de semana, a situação deve atingir ainda mais pessoas no município.

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Preocupante. Perdas com a falta de recursos hídricos começaram em 2017 (Foto: Paulo Rossi - DP)

Torneira vazia
Enquanto Rosane, 48, ordenha uma vaca no estábulo, outras dez aguardam enfileiradas. O ano não foi bom para o setor leiteiro, avalia. Hoje o preço do litro chega próximo de R$ 1,00 e, com a falta de água, a produtora se preocupa com o preço que será avaliado nos próximos dias.

“Afeta tudo, onde eles gostavam de tomar água só ficou um pouco de lodo. Do poço não vem mais água e a gente precisa pra lavar bem as ordenhadeiras”, conta a agricultora. Para isso, uma caixa de 500 litros foi comprada e está no pátio da casa. Da caixa, a água é depositada num balde para lavar as ordenhadeiras, principal fonte de renda da família. Um pequeno açude perto da casa já baixou mais de um metro e é de onde sairá a água para os animais nos próximos dias. “A gente fica até sem saber o que fazer, a louça fica suja na pia, o banho é de gato. É muito complicado”, desabafa.

Famílias buscam água
O celular do secretário de Desenvolvimento Rural do município, Flávio Almeida, toca constantemente. Assim têm sido os dias de trabalho. “Cada dia liga mais uma família, novas pessoas, pedindo ajuda - porque estão sem água na propriedade”, relata o secretário, há dois anos no cargo. A agricultura familiar representa em torno de 80% do setor primário em Morro Redondo. As principais culturas afetadas são o pêssego, o leite, a produção de hortifrúti e o desenvolvimento de grãos. “Lugar onde nunca faltou, agora falta. Tu pisa na terra e parece um tijolo”, preocupa-se.

Todo o processo que envolve o pedido ao governo do Estado para a homologação da situação de emergência busca a obtenção de um caminhão-pipa e caixas d’água aos produtores. São medidas para tentar amenizar a situação. No inverno, a cidade chegou a registrar mais de 370 milímetros de chuva em um mês. “Se não chover esta semana, a cidade vai entrar em colapso”, prevê, aguardando as nuvens. E é esta inconstância que prejudica o desenvolvimento das plantações.

Amparo
A Defesa Civil estadual monitora a situação do município há dias. O tenente-coronel Rodrigo Dutra diz que o Estado aguarda a finalização de laudos para o reconhecimento da situação de emergência. “Possivelmente nesta semana seja reconhecido”, adianta. Uma reunião entre diversos setores foi realizada, na manhã de ontem, no município. Amanhã, representantes do município se reúnem com a coordenação estadual da Defesa Civil para tratar das principais demandas. Em torno de 150 famílias foram atendidas desde o ano passado e a demanda reprimida estaria acima de 300. Com o reconhecimento do Estado e a homologação da União, produtores podem renegociar dívidas com os bancos.

O prejuízo principal atinge as culturas do pêssego, o que atinge mais de cem famílias e cinco indústrias do município. “Nossa estimativa é de perda de 50% da safra - ou 2,4 milhões de quilos”, projeta Evaldo Ross, engenheiro agrônomo do Emater. A crise no pêssego também representa menos impostos, menos empregos e perda no rendimento para os produtores.

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